reportagem especial

Vacinação é o começo do fim, mas ainda há um longo caminho

Foto: Renan Mattos (Diário)

Quem apostasse que a pandemia acabaria até o fim de 2020 perderia dinheiro. A confusão entre dias e meses, que causa a impressão que pulamos de março para dezembro, também faz com que não saibamos o quão próximo do final do período pandêmico nós estamos. As vacinas chegaram, trazem esperança mas não há data para o fim. Isso porque a vacinação ainda engatinha. As aplicações começaram apenas com 6 milhões de doses para todo o país. Ao Estado, foram 341 mil. Em Santa Maria, 4,2 mil, suficiente para 1,4% da população. Isso significa que não é hora de aposentar as máscaras.

- A vacina é um dos elementos essenciais de controle. Para isso, tomamos um certo tempo. Vai se exigir que grande parte da população seja imunizada. As estratégias preventivas combinadas têm efeito de empurrar uma pandemia para frente. A vacina vai ser a estratégia de maior potência, mas vai tomar tempo até termos a resposta de controle - explica o presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia, Alexandre Vargas Schwarzbold.


Foto: Renan Mattos (Diário)

ATÉ 2022
O plano de vacinação do governo federal não tem data para concluir a primeira fase. Doutor em virologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Eduardo Furtado Flores, acredita na imunidade e controle de casos até o começo de 2022.

Hoje, a prioridade é para trabalhadores da linha de frente da Covid-19. A imunização pode reduzir os afastamentos e manter o sistema de saúde funcionando. Em abril, Santa Maria chegou a ter 216 profissionais afastados.

Professor do Departamento de Neuropsiquiatria da UFSM, Vitor Calegaro, diz que as notícias podem gerar um relaxamento das regras de distanciamento. Porém não se pode deixar que a esperança coloque os cuidados "por água abaixo":

- É um momento bastante positivo, que traz uma nova perspectiva de que a pandemia irá acabar. Desde que as vacinas começaram a ser produzidas, entrou um clima de que a pandemia está terminando. Só que a vacina não chega para todo mundo ao mesmo tempo.

*Colaborou Leonardo Catto

POLITIZAÇÃO DA SAÚDE
O caminho das doses até o Brasil foi tortuoso e cheio de obstáculos. O governo federal insistiu em outras formas de controle do coronavírus.

Desde julho de 2020, as discussões sobre os imunizantes se intensificou. O Instituto Butantan, em São Paulo, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, abraçaram as pesquisas da Sinovac e do consórcio Universidade de Oxford/AstraZeneca, respectivamente. A primeira foi estampada como publicidade do governador paulista João Doria (PSDB). A segunda era a principal aposta do Ministério da Saúde.

VACINA DE QUEM?
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou a CoronaVac em diferentes circunstâncias. A principal era apontar que a vacina era "de um governador" e "daquele outro país", ao se referir a Doria e China. Quando o Ministério da Saúde anunciou a compra de 46 milhões de doses, o presidente vetou. Quando a vacinação começou, discurso foi trocado por "a vacina é do Brasil".

A análise de Schwarzbold, que também é coordenador de estudos clínicos da vacina de Oxford em Santa Maria, é de que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi essencial para o país tivesse as vacinas. Entretanto, o sistema não foi posto ao favor da contenção da pandemia. 

- Não houve resposta adequada em diagnóstico. O SUS já foi mal utilizado no controle da pandemia. Imagina se, no momento da imunização, não tivéssemos um sistema universal, com o Plano Nacional de Imunização (PNI). O PNI dava conta da segunda maior cobertura vacinal do mundo. Ironicamente, nós não estamos nem entre os 10 primeiros a vacinar contra a Covid - lamenta o médico.

Foto: Pedro Piegas (Diário)

ELAS CHEGARAM, MAS A ESPERA CONTINUA
Os próximos Dias D ainda são incertos. A certeza é quem está em prioridade no plano de imunização. Porém, até o grupo da Fase 1 (veja abaixo) não é totalmente coberto inicialmente já que, para o começo da vacinação, o país contou apenas com 6 milhões de doses da CoronaVac. Outras 6,8 milhões podem começar a ser aplicadas nos próximos dias. De Oxford, chegaram 2 milhões apenas na última sexta, duas semanas depois do previsto. E outras 4,8 milhões, envasadas no Brasil, entraram na conta no cenário mais otimista.

LOGÍSTICA
A expressão ganhou destaque quando se fala em vacina. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, foi efetivado por ser considerado especialista em planejamento e execução. A confirmação do uso emergencial veio em 17 de janeiro, e a logística não perdeu a lógica, mas o planejamento perdeu agilidade. Das 6 milhões de doses da CoronaVac, 4,5 milhões foram repassadas pelo governo do Estado de São Paulo ao ministério. Elas foram distribuídas aos Estados de maneira proporcional com a população dos grupos vacinados.

No Rio Grande do Sul, a primeira previsão de chegada era para as 16h30min. da última segunda-feira. O voo da Força Aérea Brasileira (FAB) foi substituído por duas aeronaves da Azul, e a chegada foi adiada duas vezes. Às 22h14min, e 22h57min pousaram os aviões. E, às 23h46min, o Rio Grande do Sul começou a vacinação com uma idosa, uma indígena e três profissionais de saúde.

Foto: Arieli Ziegler (Prefeitura/Divulgação)

A chefe da Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, defende que a demora é reflexo de uma cautela necessária para o transporte das vacinas. Ela também aponta a aprovação da Anvisa em tempo recorde como um esforço do governo federal para dar a largada na campanha:

- É uma vacina que tem que ter segurança muito grande, diferente de outras campanhas que não têm tanta repercussão. Até acredito que foi rápido.

Somando os gaúchos que trabalham diretamente na linha de frente da Covid-19, os idosos e pessoas com deficiência que vivem em lares de longa permanência e os indígenas, os primeiros na fila da vacinação, seriam necessárias 324 mil doses (são duas por pessoa). O estado tem uma reserva com 17 mil a mais, para o caso de doses inutilizadas.

A depender de quantas vacinas serão para Santa Maria na próxima leva (o que não tem previsão para acontecer), a logística da cidade muda. Porém, se o montante for semelhante, a estratégia deve seguir o mesmo modelo da primeira remessa.

- Após a distribuição das 4,2 mil doses, vamos ter um diagnóstico. Com a vacina, as pessoas vão ter um gás de esperança. Estamos atualizando diariamente, mas ainda não tem uma perspectiva (de novo envio) - analisa o secretário municipal de saúde, Guilherme Ribas.

Enquanto não tomar duas doses, ninguém está de fato imunizado. Depois das aplicações, a ideia é manter cuidados. A vacina atenua ou "inativa" sintomas, mas não impede que a transmissão. 

Foto: Renan Mattos (Diário)

DIAS D, E, F...
O Brasil teve a primeira vacina contra Covid-19 aplicada em 17 de janeiro. A data era chamada pelo ministro Eduardo Pazuello como o "Dia D". No Rio Grande do Sul, a vacinação começou um dia depois, na segunda-feira. Na terça, foi a vez de Santa Maria começar a campanha.

Os próximos dias do alfabeto, contudo, ainda são incertos. Não há definição exata sobre prazos dos grupos a serem vacinados. A certeza, definida pelo Ministério da Saúde desde dezembro, é quem está em prioridade no plano de imunização. Porém, até o grupo da Fase 1 foi mudado já que, para o começo da vacinação, o país , até então, contava apenas com 6 milhões de doses da CoronaVac.

As vacinas foram distribuídas e aplicadas apenas em profissionais da saúde, idosos em Instituições de Longa Permanência (ILPIs) e indígenas. Entre os primeiros são priorizados os que atuam na linha de frente. Isso porque, com esse número de doses, o ministério previu a imunização de apenas 34% dessas pessoas.

COMO COMEÇOU*

  • Trabalhadores da saúde
    No RS: 29.608
    Em Santa Maria: 2.878
  • Idosos em lares
    No RS: 10.955
    Em Santa Maria: 678
  • Indígenas
    No RS: 1.135
    Em Santa Maria: 82
  • Pessoas com deficiência em instituições**
    No RS: 408

*Dados de vacinados até a tarde de sexta. O total ainda não foi mensurado

**Em Santa Maria, dados estão inclusos na vacinação de idosos em lares

Foto: Pedro Piegas (Diário)

FASE 1

  • Trabalhadores de saúde
  • Pessoas de 75 anos ou mais
  • Pessoas de 60 anos ou mais em ILPs
  • População indígena aldeada em terras demarcadas
  • Povos e comunidades tradicionais ribeirinhas

FASE 2

  • Idosos de 60 a 74 anos

FASE 3

  • Pessoas com comorbidades que agravam quadros da Covid-19

Foto: Mariângela Recchia (Husm/Divulgação)

COM A UFSM, MAIS VACINADOS
Santa Maria está no mapa da Universidade de Oxford desde setembro, quando a UFSM foi incluída como centro de pesquisa dos estudos da vacina britânica. Foram 1.014 voluntários que participaram. Metade recebeu duas dose da vacina em teste. A outra metade recebeu uma vacina contra meningite e, depois, placebo. A divisão entre as pessoas é aleatória e "cega" - feita por computador, sem revelar o que cada participante tomou.

Com a aprovação do uso emergencial, o sigilo do estudo será quebrado antes do prometido. O passo seguinte é o chamamento dos 507 voluntários do grupo controle para receberem, de fato, a imunização. As doses para essas pessoas são enviadas diretamente do Reino Unido, diferente da parte dos 2 milhões vindas da Índia. A vacina é a mesma.

Somados aos 2,4 mil vacinados com a CoronaVac, Santa Maria vai totalizar 2.907 vacinados. Antes do estudo, a UFSM cogitou participar dos testes da CoronaVac. As tratativas começaram, mas com o acordo do laboratório Sinovac com o Estado de São Paulo, a efetivação não foi possível.

- Santa Maria "perdeu" o estudo da Sinovac para o Butantan, o que foi muito bom para o país. O segundo movimento foi contatar colegas da Europa. Incluímos nosso centro por contato internacional e por buscarmos a necessidade de fazer vacina na perspectiva de controle da pandemia - conta Alexandre Schwarzbold, infectologista e coordenador dos estudos na UFSM.

Sem as duas doses, ninguém está de fato imunizado. Depois das aplicações, a ideia é manter cuidados. A vacina atenua ou "inativa" sintomas, mas não impede a transmissão.

- A vacina é um dos elementos essenciais de controle (da pandemia). Mas, para isso, vai se exigir que grande parte da população seja imunizada. Além do qual, isso não vai prescindir as medidas de prevenção já orientadas, particularmente o distanciamento físico, evitar ambientes fechados, uso de máscara e higiene de mãos - defende o médico.

Foto: Pedro Piegas (Diário)

AO OLHAR PARA FRENTE, SE VÊ OTIMISMO
Antes da pandemia, a enfermeira Talissa Farias Arruda, 36 anos, já atuava em contato direto com pacientes na Unidade Móvel de Saúde nos bairros e distritos. Com o coronavírus, se fez necessário informar aqueles que procuravam atendimento. Desde março, ela trabalha no Centro de Referência.

- Nossa equipe, desde o início, via muita gente sem máscara. Se tinha pouca informação sobre o vírus. No início, a gente se paramentava com aquelas roupas que nos chamavam de astronautas. Primeiro, as pessoas se assustavam, depois davam risada - relembra a enfermeira.

Talissa leva a prevenção para casa. Ela mora com os filhos Lucas e Bernardo, de 12 e 5 anos. Além dos três, Lobinho, o cachorrinho de 9 anos, faz companhia.

- Se eu não tivesse suporte familiar, não sei o que eu faria. Chega um momento em que há um desgaste muito grande, principalmente emocional, porque a gente precisa se afastar para que eles não fiquem expostos. Tinha momentos que eu saía do trabalho e não conseguia ver meus filhos - lamenta.

No ombro esquerdo, a tatuagem "além do que se vê" faz referência aos estudos espíritas aos quais Talissa aderiu, principalmente durante a pandemia:

- Algumas coisas não têm explicações palpáveis, imediatas. Eu acredito que a gente precisa aprender ao passar por momentos assim.

Talissa agora também trabalha com a aplicação da vacina contra Covid-19. No dia em que ela e a colega, Catrine foram vacinadas, todos os profissionais do centro também receberam a primeira dose, inclusive o epidemiologista Marcos Lobato. Na quarta-feira, começaram as aplicações aos trabalhadores de hospitais e lares de idosos. Na quinta, foi a vez dos indígenas aldeados.

Foto: Pedro Piegas (Diário)

"O PESSOAL SÓ ESPERAVA A VACINA"
Catrine de Souza Machado, 30 anos, é farmacêutica e trabalha no Centro de Referência de Covid-19 do município. Quando a Anvisa aprovou o uso emergencial das vacinas, ela enviou a notícia em um grupo de WhatsApp com os colegas:

- O pessoal ficou em sonho, em êxtase, só esperavam a vacina.

O começo da vacinação "deu um gás" para ela e os colegas. O primeiro dia depois da confirmação mudou o tom até mesmo da população que procura atendimento no centro.

- As segundas-feiras são os dias mais movimentos que temos. A gente leva cada uma, sabe? Foi muito estranho, porque o pessoal tava light, todo mundo dando risada. Quem entrava puxava assunto da vacina - lembra.

Quando Catrine conta uma das semanas mais atípicas de sua vida, tem a esperança em primeiro plano:

- A gente vê isso nas pessoas. Claro que tem quem não acredite, mas é muito especial para quem espera.

Trabalhar na coleta de exames foi uma preocupação por receio de "levar o vírus" à família. Por isso, ela aprendeu a fazer o teste em si mesma:

- Eu tenho todo cuidado, em casa e quando vou para Santiago, nos meus pais e nos meus sogros. Eu sempre testo antes de ir - diz.

A segunda dose está prevista até o começo de fevereiro. Catrine vai manter os cuidados de prevenção e reitera que, mesmo quando houver imunização, isso é necessário enquanto a pandemia persistir.

Foto: Anselmo Cunha (Especial)

SEM ALTERNATIVA TERAPÊUTICA
A aprovação de uso emergencial da Anvisa levou em conta um ponto que contradiz a postura do governo federal sobre o tratamento da Covid-19. A diretora da agência, Meiruze Freitas, apontou em um slide de análise técnica no último dia 17:

- Até o momento, não contamos com alternativa terapêutica para prevenir ou tratar a doença causada pelo novo coronavírus.

A consideração não chamaria tanto atenção se o Ministério da Saúde não incentivasse, no começo da pandemia, o chamado tratamento precoce em que dois termos técnicos ganharam espaço em caixas de comentários nas redes sociais: hidroxicloroquina e cloroquina. Além desses, a ivermectina - utilizada contra parasitas - também foi tida com prevenção e tratamento para curar o coronavírus.

Estudos sobre a hidroxicloroquina investigaram, mas não houve comprovação de que a substância tivesse impacto para recuperar pacientes. É o que aponta a Associação Médica Britânica. Mesmo sem eficiência, os remédios se tornaram políticas públicas de saúde na voz do próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e na compra de "kits Covid" por prefeituras, como aconteceu em Porto Alegre. As medicações, porém, são usadas por parte dos médicos em tratamentos para Covid-19 e mesmo antes da pandemia são indicados para outras doenças.

Um dia antes da aprovação das vacinas pela Anvisa, o Ministério da Saúde teve uma publicação no Twitter sinalizada pela rede por "informações enganosas" ao orientar que os pacientes peçam pelos remédios.

A chegada, a distribuição e a aplicação das doses não alterou o discurso presidencial. Depois da reunião das vacinas, Bolsonaro insistiu em dizer que "não desiste do tratamento precoce". Já o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, inverteu a lógica e disse não ter recomendado "tratamento" e sim "atendimento" de forma preventiva. A recomendação foi criticada pelo governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB). Em entrevista coletiva na última segunda, depois da chegada das doses ao Estado, ele defendeu que não se deve seguir orientações sem comprovação científica:

- No momento em que o mundo inteiro se une em torno da vacina, insistir no tratamento precoce é viver uma ilusão. E, pelo poder que um governante tem de mobilização, se torna uma grande irresponsabilidade. No Rio Grande do Sul, nós respeitamos a ciência.

A TrateCov, plataforma do ministério, permite simular um encaminhamento e, independentemente do que é apresentado, os remédios citados aparecem como opção. A plataforma foi retirada do ar na última quinta-feira.

POR QUE VACINA?
O colapso do sistema de saúde foi e continua como um dos medos da pandemia. Aumentar leitos e o distanciamento social foram medidas urgentes. A primeira, contudo, tem limitações. Já o segundo impõe condições já saturadas entre a população.

Conforme o doutor em virologia da UFSM, Eduardo Furtado Flores, a "vida normal" só será retomada, ainda que gradativamente, com a vacina.

- É uma grande esperança, mas temos que ter cautela. Vai demorar meses. Para obtermos uma imunidade coletiva, é necessário imunizar 70% da população. Até o final do ano, se tudo correr bem, podemos ter essa imunidade e retornar a vida. E não tem tratamento, não existe. A solução é distanciamento, que ninguém aguenta mais, ou vacina - projeta.

A AÇÃO NO ORGANISMO

  • Quando somos infectados, nosso organismo monta uma resposta imunológica mediada por células (leucócitos) e anticorpos
  • A vacina imita o vírus ou a bactéria. Nosso organismo monta a resposta e depois fica preparado para se proteger.
  • A vacina de Oxford e a CoronaVac não induzem imunidade imediata. A proteção só é alcançada de 15 a 20 dias depois da segunda dose.

DA CHINA E REINO UNIDO AO BRASIL, O CAMINHO PARA IMUNIZAÇÃO

Não se faz vacina da noite para o dia. Entretanto, a velocidade que se desenvolveram projetos de vacina contra a Covid-19 foi acelerada. O professor Alexandre Schwarzbold explica que isso se deve a uma preparação até anterior à pandemia:

- A identificação do vírus foi muito rápida. E o coronavírus existe há mais de duas décadas, não esse novo. Já vinham sendo trabalhadas vacinas, sem urgência, contra o coronavírus em função das epidemias que aconteceram no Oriente Médio e na China, na década anterior.

As agências regulatórias também alteraram seu modo de operação. A Anvisa, por exemplo, finalizou a análise do uso emergencial de duas vacinas em 10 dias.

Para a historiadora Beatriz Teixeira Weber, que pesquisa história e saúde, não há precedentes para uma pandemia com um nível de estudo que evoluiu tão rápido.

- Há um conjunto de esforços que trabalha com informações que já se tinha. Para mim, isso demonstra um esforço mundial, um conjunto de pesquisas articuladas internacionalmente como não houve em nenhuma circunstância - explica.

No Brasil, Fiocruz e Butantan pesquisam vacinas britânica e chinesa, respectivamente. Outras alternativas são desenvolvidas, ainda, nos Estados Unidos, Alemanha e Rússia.

NA HISTÓRIA
No começo do século 20, em meio a epidemia de varíola (doença que foi controlada por meio de vacina), o Rio de Janeiro vivia um contexto de ataques a cortiços - espaços de moradia coletiva da população mais pobre - para urbanização da cidade. Nesse cenário e paralelo a ele, em 1904, a vacina da varíola se tornou obrigatória e era aplicada à força.

Conforme Beatriz, a Revolta da Vacina foi um movimento contra as medidas autoritárias e violentas tomadas para a vacinação, e menos com a imunização em si. Por outro lado, o movimento antivacina atual se diferencia da Revolta. A mobilização não é contrária a medidas de aplicação de campanhas, mas pautada no descrença do conhecimento e da saúde coletiva.

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